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terça-feira, 2 de junho de 2020

Irmãos Brocato

"Retirado en la paz de estos desiertos,
com pocos, pero doctos, libros juntos,
vivo en conversación com los difuntos
y escucho com mis ojos a los muertos"
Quevedo

Crimes e Aventuras

Livro em Português

Baixe gratuitamente fazendo um comentário no pé da página solicitando o PDF ou EPUB, juntamente com seu endereço de email (que não será publicado).

Autor: Crispim Mira

No final do sec. XIX, dois irmãos sicilianos fazem um pacto e partem para a América separados. O primeiro tratava de fugir da polícia, o segundo cumpria executar uma sentença de morte contra o próprio chefe de polícia local determinado pelo pacto. Assim começa a trama que inicia em Messina, passa por Istambul, Buenos Aires, Rio de Janeiro, Florianópolis, Porto Alegre, Caxias do Sul e termina em Lages em 1º de maio de 1902.

A última vítima foi Ernesto Canozzi, filho de imigrantes italianos de Veranópolis, que residia em Porto Alegre e atuava como representante comercial, vendendo produtos da casa Almeida & Ltda em toda a serra gaúcha e catarinense.

Nesta época a imigração italiana era assistida por diversas entidades, entre as quais alguns jornais que divulgam os acontecimentos nas colônias, a situação das famílias e os problemas de integração social, além é claro, de fornecer notícias da Itália. O jornal Stella d’Italia, de Porto Alegre, dirigido por Adelchi Colnachi assume a causa do assassinato de Canozzi e não mede esforços para que os autores sejam descobertos e levados as barras da justiça. A casa Almeida & Cia oferece prêmio para quem possa achar o assassino.

A princípio os assassinos são detidos para averiguações, e como felizmente não vigia o estatuto da liberdade do réu até o fim do julgamento, o processo vai sendo montado e as descobertas sobre os antecedentes dos réus deixando claro que estavam envolvidos em outros crimes. A ficha cai, e por trás de um assassinato descobrimos uma história de charlatanismo e vigarice, de contrafação e truculência que Crispim Mira soube reconstruir com sua maestria de jornalista investigativo.

O livro pode ser obtido gratuitamente solicitando nos comentários abaixo, em PDF ou EPUB.


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Terra Catarinense

"Retirado en la paz de estos desiertos,
com pocos, pero doctos, libros juntos,
vivo en conversación com los difuntos
y escucho com mis ojos a los muertos"
Quevedo

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Crispim Mira

Há muito tempo, intelectuais com raízes na história do Brasil reclamam do esquecimento a que foi relegado o jornalista Crispim Mira.
O lançamento em 1920 do “Terra Catarinense” de Crispim Mira teve excelente acolhida de um dos mais instigantes intelectuais brasileiros de todos os tempos – Monteiro Lobato dedicou dois artigos ao “Terra Catarinense”, depois reunidos em seu livro “A Onda Verde e o Presidente Negro”.

Não é comum que alguém dedique 2 artigos elogiosos a um mesmo livro. Na verdade, Lobato estava impressionado com o estilo literário de Crispim Mira muito mais do que com a finalidade do “Terra Catarinense” – apresentar Santa Catarina no VI Congresso Brasileiro de Geografia que se realizaria naquele ano em Belo Horizonte.

No livro, Crispim Mira reuniu seu talento jornalístico com o conhecimento social, econômico, histórico e geográfico da formação dos municípios e povoados catarinenses, com os fatos mais importantes da política e cultura da época, apresentando um Estado pouco conhecido ou apenas falado como referência geográfica naqueles tempos. Crispim Mira mistura a geografia humana com a política, a paixão catarinense por passarinhos com a guerra do Contestado, as tradições folclóricas com as aflições causadas pelas enchentes, a tal ponto que ao descrever uma paisagem envereda na descrição dos homens que ali transitam ou habitam, mesclando o estudo formal com uma prosa literária de “causos” e estórias de vaquejadas, tropeiros, e de hábitos familiares e aspectos da vida privada catarinense.

Nascido em Joinville em 1880, já na virada do século iniciava sua carreira jornalística na Gazeta de Joinville. Em 1901, vai para o Rio de Janeiro estudar Direito. Não termina o curso e retorna para Joinville onde funda o Jornal do Povo em 1905. Em 1908 é convidado para o cargo de redator da Gazeta Catharinense do amigo e senador Hercílio Luz, em Florianópolis. Em 1909, funda a Folha do Commercio e seu jornalismo adquire plena maturidade pela independência de suas posições e distanciamento crítico entre as atividades pública e privada na sociedade catarinense, conferindo-lhe reputação e respeito. Em 1918 volta a trabalhar como redator do Jornal República do seu velho amigo Hercílio Luz – agora governador de Santa Catarina. Em 1924, de volta à terra natal, assume a função de advogado provisionado e colabora com os jornais locais e, em 1926, retorna a Florianópolis onde funda seu último jornal, o Folha Nova.

Por haver denunciado os desvios de verbas federais no porto de Florianópolis, Crispim Mira foi assassinado em 1927 em um crime político, em que seus réus confessos foram absolvidos, deixando uma obra quase esquecida até mesmo para seus conterrâneos.